Logística verde: gestão de entregas com um menor impacto ambiental

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As discussões sobre logística verde e sustentabilidade não são novas, mas estão ganhando força nas últimas décadas. Desde 1972, quando foi realizada a primeira conferência ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU), vários acordos internacionais foram fechados com o objetivo de preservar a natureza e reduzir a emissão dos gases do efeito estufa.

Desde então, a sustentabilidade entrou na pauta de empresas de todos os setores. Até por uma questão de demanda de mercado — 68% dos consumidores dizem basear suas compras na avaliação de quais marcas estão comprometidas com uma atuação sustentável, segundo a Forbes

Conforme o relatório IBM Research Insights, 44% dos consumidores escolhem produtos e marcas com base no quão bem eles se alinham aos seus valores. Dentre esses critérios, temos o de como as empresas lidam com as emissões de carbono desde a gestão e o descarte de resíduos, a utilização de embalagens biodegradáveis, reciclagem e redução do consumo de energia, entre outros.

São muitas as frentes pelas quais as organizações mais bem-sucedidas hoje têm praticado ações sustentáveis; e na logística não seria diferente. Afinal, essa é uma das áreas mais responsáveis por gerar poluição. 

Por isso, nesse artigo vamos apresentar as etapas da logística verde, os desafios enfrentados nas operações e como superar esses gargalos.

O que é logística verde?

A logística verde aborda as práticas e processos adotados para que a operação logística de uma empresa seja realizada de forma sustentável. Em outras palavras, é o conjunto de atividades que visam reduzir o impacto causado no meio ambiente.

Historicamente, os processos logísticos organizacionais eram concebidos às margens do impacto ambiental. Ou seja, sem que os possíveis danos causados pelo tráfego dos veículos, entre outras frentes, fossem considerados.

A logística verde quebra essa lógica tradicional. Ela torna a configuração de processos, sistemas, equipamentos, veículos e armazenagem mais sustentável. 

Neste sentido, segue comprometida em atender as demandas logísticas do presente, mas buscando não afetar o acesso das gerações futuras aos mesmos recursos ambientais que dispomos hoje.

Para isso, a logística verde tem como foco alguns objetivos: 

  • Reduzir a pegada de carbono das operações logísticas, medida que calcula a emissão de carbono de uma atividade ou empresa; 
  • Reduzir os níveis de poluição, incluindo do ar, solo e água, além da poluição sonora gerada pelo transporte de mercadorias; 
  • Adotar um uso racional dos recursos, com uso de embalagens recicláveis ou reutilizáveis, e reutilização de containers ou outros equipamentos de transporte. 
  • Trabalhar a sustentabilidade na cadeia de suprimentos.  

As principais etapas da logística verde

A logística verde é um componente que viabiliza uma sólida reputação corporativa. Os consumidores esperam que as instituições conheçam os atores e as atividades e garantem que estão fazendo todo o possível para obter e produzir seus produtos com responsabilidade. 

Conheça algumas etapas deste processo! 

Origem do produto

O conceito tem como princípio respeitar a sustentabilidade e isso se dá desde a origem do produto. Isso reflete na produção limpa e se estende até o descarte correto do item após seu consumo.

Por essa razão, os fabricantes também podem ser responsabilizados pela destinação de suas mercadorias para limitar seu impacto ambiental. Como resultado, as instituições organizam canais de devolução para reparo ou reciclagem.

Uso de embalagens

Devem ser utilizados projetos de envoltórios que façam o melhor uso do espaço, tanto no armazenamento quanto durante o transporte. Além disso, o uso de itens recicláveis ajuda a alcançar uma produção mais sustentável na empresa.

Evitar o uso de embalagens excessivas e insustentáveis é indispensável. Nesse contexto, é importante limitar os materiais de condicionamento, com a consequente redução de desperdícios e custos, e evitar o uso de vários invólucros para um único produto. Além disso, é elementar optar por materiais sustentáveis e que possam ser recicláveis.

Roteirização

Um sistema roteirizador ajuda no planejamento das rotas, visando minimizar os custos gerais, enquanto o serviço de transporte de cargas alcança o maior desempenho possível sob um conjunto de determinadas restrições.

A logística verde torna o mapeamento de rotas mais otimizado, ou seja, mantém os trajetos mais curtos e rápidos, além de minimizar o consumo de combustível e as emissões de CO₂ da frota. 

Gestão de frotas

Nesse estágio, são definidas metas mensuráveis para monitorar o progresso e assegurar que a empresa esteja no caminho certo da logística verde. Dessa forma, o gestor calcula as emissões atuais de CO² da frota e o uso de combustível para ter noção sobre o estado dos veículos e o comportamento dos condutores.

Portanto, é bom utilizar um software de gestão de entregas que possibilite o trabalho com base em dados e a identificação de casos de desperdício e má conduta. Esse passo não tem a finalidade apenas de monitorar, mas de reduzir consequências ecológicas negativas, diminuir os gastos e melhorar a produtividade da equipe.

Logística reversa

Refere-se a toda operação relacionada ao reaproveitamento de materiais e artigos. Esse processo permite criar uma imagem positiva e duradoura para a sociedade e os consumidores e facilita a gestão de crises de forma eficiente.

Nos casos em que a mercadoria está defeituosa, é primordial para a empresa dar a tratativa correta para o item e ter a chance de reparar, reciclar ou, na pior das hipóteses, descartar. Em contrapartida, facilita a substituição por um produto melhorado ou novo, que funcione bem.

Além disso, existe a logística reversa aplicada a procedimentos associados à devolução de um produto. Na prática, significa transportar produtos no caminho contrário ao da entrega. 

Da mesma forma que a roteirização ajuda a reduzir o percurso e, consequentemente, a emissão de gases poluentes, a logística reversa deverá utilizar da mesma premissa para o planejamento das suas rotas.  

Leia mais: Logística reversa: o que é e como aplicar na sua operação

Logística urbana

Com as mudanças nos hábitos de consumo, como as compras realizadas nas lojas online, surgiu o conceito da última milha, que necessita de uma gestão de entregas bastante rápida e eficiente. 

A logística urbana inclui os métodos relacionados ao fornecimento e à distribuição de produtos nas cidades visando garantir o desenvolvimento econômico, um exemplo são as darks stores. Com uma abordagem sustentável, essa etapa consegue ser mais eficiente e com menos custos.

Certificações ambientais

As atividades da logística verde contam com certificações ambientais e, entre elas, a mais importante é a LEED  (Leadership in Energy and Environmental Design), que funciona como um sistema de pontos visando fomentar as práticas sustentáveis na construção de armazéns.

Outro reconhecimento fundamental é a Breeam (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), um padrão de avaliação ambiental desenvolvido pelo Building Research Establishment (BRE) para avaliar a sustentabilidade e a eficiência energética.

Os principais desafios da logística verde

A logística verde é um campo da gestão relacionado aos processos sustentáveis que visam o meio ambiente enquanto conquista a satisfação dos clientes. No entanto, essa é uma questão importante para estabelecer padrões e regras para alcançar uma logística verde qualificada e adaptável às necessidades dos clientes.

A correta coleta, transporte, armazenamento, manuseio, triagem e descarte para cada mercadoria requer soluções aprofundadas para combater os obstáculos. Confira alguns desafios deste campo:

Combustível: soluções eficazes, economicamente viáveis e inovadoras para diminuir a dependência de combustível do setor no transporte de cargas.

Custos do transporte: no Brasil, o transporte enfrenta diversos problemas devido a conservação das rodovias, o que encarece o processo.

Aumento dos gastos: os custos de reaproveitamento são recompensadores ao final do processo, pode levar um tempo para garantir que ele comece a provocar altos gastos. Com lucros a longo prazo, assim como outros quesitos subjetivos — como a imagem com o cliente —, os investimentos na logística verde soam caros e incertos.

Medidas que contribuem para uma logística mais verde

O trajeto das entregas tem um alto potencial de causar perdas e tornar as operações menos sustentáveis para as organizações e o meio ambiente. Isso acontece quando um veículo tem toda a sua capacidade utilizada, produzindo um maior gasto de combustível. 

Por essa razão, otimizar o caminho e o abastecimento é essencial para evitar perdas e manter o nível do serviço. Outro ponto é a escolha dos veículos que compõem a frota. 

Isso porque alguns veículos têm muito mais potencial para gerar carbono e afetar o ecossistema. Para diminuir esse efeito, é fundamental escolher os caminhões que poluem menos, utilizar um sistema para auxiliar no planejamento de viagens e manter a manutenção sempre em dia.

Outro ponto é alcançar métodos de gerenciamento de estoque mais eficientes com modelos de logística verde, como a redução do desperdício através de menos movimentação no armazém; planejamento e automação; gerenciamento com precisão e o uso de técnicas de controle de estoque que proporcionam qualidade para as operações.

O que você achou de conhecer as etapas e os desafios da logística verde? Continue lendo nosso blog e fique por dentro do universo da logística.